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Quadrilhas, bois e pássaros de Associação Bragantina realizam seu primeiro evento

  • Publicado: Quinta, 22 de Março de 2012, 00h00
  • Última atualização em Quinta, 22 de Março de 2012, 00h00

Abrindo o mês de celebrações juninas, a Associação Bragantina de Culturas Populares de Quadrilha, Boi e Pássaro reúne grupos de cultura popular no dia 1º de junho  (domingo), a partir das 16h, na Quadra Poliesportiva da Aldeia para um Concurso de Ensaios. O evento é gratuito e a venda de alimentos tem como objetivo arrecadar dinheiro para sua regularização.

 

O ensaio coletivo, além de uma preparação para o calendário junino organizado pela Secretaria de Municipal de Cultura, Desportos e Turismo de Bragança – de 4 a 8 de junho, na Praça Armando Bordalo - pode ser também o “ensaio” para o seu próprio festival. “Terminando o período junino, uma equipe deve se organizar para elaborar projetos e encaminhar para as secretarias. Vamos visitar grupos que não se apresentarem mais e elaborar uma forma para que no próximo ano a gente possa fazer o primeiro Festival de Cultura com os Grupos da Associação”, antecipa o presidente da associação, Miguel Oliveira.

 

Em seu primeiro evento, a associação conseguiu apoio de alguns órgãos públicos como guarda municipal, bombeiros e a própria secretaria de cultura, que também cedeu gratuitamente uma barraca de venda no espaço da programação junina da prefeitura. 

 

Associação de Bragança dá os primeiros passos para fortalecimento da cultura popular 

 

A associação foi criada em março de 2014, mas desde o ano passado tem recebido assessoria técnica do Programa Coroatá de Formação para Empreendimentos Culturais – programa de extensão da Universidade Federal do Pará. Com o apoio da Secretaria de Cultura, professores e técnicos da UFPA realizaram reuniões e encontros – momentos em que discutiram políticas públicas para a cultura e economia solidária - ao mesmo tempo em que fizeram acompanhamento e oficinas de formação. 

 

Indicado e eleito presidente da associação, o professor Miguel da Mota de Oliveira – que atualmente não está vinculado a nenhum grupo cultural – já foi membro da quadrilha Explosão de Cheiro, da Vila de Caratateua – localizado há 13 km de distancia do município. Com a mudança para Bragança - devido ao trabalho e a faculdade de um dos filhos – ficou difícil manter o grupo.

 

“Precisei sair da vila em que morava e tomei a decisão de não trazer a quadrilha porque ela pertence àquela comunidade e criar outra não ia permitir que me dedicasse à associação”, justifica o Presidente - que acredita que não estar vinculado a nenhum grupo associado pode evitar conflitos internos.

 

Entre as pessoas associadas algumas participam de grupos que não fazem parte da associação. Embora o desejo seja incluir todos. Entre os planos, querem organizar um banco de dados com o maior número possível, estando o grupo na ativa ou não. Outro projeto é a criação de uma página nas redes sociais para divulgar notícias da associação, concursos, eventos e informações e contato dos grupos. 

 

 “Estamos criando muita expectativa porque alguns membros dos grupos querem ver acontecer para acreditar que a associação pode produzir resultados. A ideia é que cada associado traga mais um para compor. Por isso estamos fazendo tudo direitinho para dar certo”, comenta Oliveira. 

 

Cultura popular ainda lamenta falta de apoio dos órgãos públicos

 

A falta de recursos dos órgãos públicos para o financiamento de grupos culturais é ladainha bem conhecida das Culturas Populares. Segundo Miguel, a cultura popular deveria ser mais valorizada porque sem eles não haveria o festejo.  “Imagina que a prefeitura dá R$ 3 mil pra um bloco que usa só um carro de som. Enquanto cada grupo gasta em media uma quantia razoável, entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, e a contribuição deles é de apenas R$ 1 mil. 

 

Ele lamenta também que na secretaria de cultura existe uma regra em que o grupo que não participa de um ano, no ano seguinte não recebe apoio financeiro e que isso impossibilita a criação e o retorno de mais grupos. “Eles estão procurando a associação porque sabem que se não se apresentarem este ano, ano que vem eles não recebe. Infelizmente não temos como ajudar”.

 

Criticado, o secretário de cultura de Bragança Fagner Yanomani Ramos avalia positivamente essa mobilização porque amplia a possibilidade de diálogo, sem intermediários. “Fico feliz e a secretaria está apoiando este evento e a Associação porque eles começam a discutir políticas públicas de maneira coletiva e não individualizada como no passado. O nosso papel, enquanto secretaria de cultura, é dialogar e fazer uma gestão participativa, portanto, estamos fomentando a qualificação profissional destes grupos”, explica.

 

O professor da UFPA e membro do Conselho Nacional de Economias Solidárias, Armando Lírio de Souza, explica que estes sentimentos por parte de quem faz cultura popular é natural. “É uma manifestação legitima porque há muitas demandas reprimidas das associações e grupos da cultura popular. É um fato decorrente da fragilidade e ausência do Estado no financiamento deste tipo de manifestação”, justifica.

 

Extensão universitária procura fomentar novas políticas públicas

 

O Programa Coroatá, com apoio da emenda parlamentar de autoria do deputado federal Cláudio Puty, e seus vários parceiros - como a Secretaria de Cultura de Bragança, a Associação, a Pró-Reitoria de Extensão da UFPA - têm experimentado outras possibilidades de fortalecimento dessas culturas, sem excluir a questão financeira. 

 

Os debates em torno da Economia Criativa e Economia Solidária - associados à formação para empreendimentos culturais - têm buscado estabelecer uma política de fortalecimento do potencial organizativo dos grupos, valorizando, sobretudo, a busca de uma autonomia política e econômica baseada em processo de formação e colaboração.

 

“Dessas atividades, saltou o estímulo e o apoio que faltava para que diversos grupos se unissem e começassem a explorar seus potenciais de produção cultural, como a organização de um campeonato realizado por eles próprios que contribuirá para sua sustentabilidade econômica”, analisa Luciane Bessa, coordenadora do Coroatá em 2013 e produtora cultural da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA. 

 

“De outro modo, também emergiu o potencial político de reivindicação popular que é expressa, por exemplo, na fala do presidente da Associação, que mantém sua crítica: ainda considera que as Culturas Populares são desvalorizadas diante de outras culturas na cidade”, acrescenta Bessa.

 

Souza, que também acompanhou o processo de criação da associação afirma que os atuais recursos públicos, tanto financeiros quanto humanos, não seriam suficientes para a solução do problema “Não conseguimos e nem conseguiremos solucionar uma dívida histórica do poder público. Contudo, se percebe um grande esforço da gestão atual de Bragança em articular parcerias, mas, isso requer tempo para amadurecimento”.

 

Na UFPA – com iniciativa de Souza - diversos projetos de extensão que utilizam metodologia de economia solidária estão iniciando um processo de articulação, troca de experiências, diálogo e reflexão sobre a ação extensionista com o objetivo de desenvolver metodologias inovadoras voltadas para o fortalecimento e visibilidade da realidade Amazônica.

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