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Projeto de extensão da UFPA já atendeu a 662 famílias ribeirinhas até 2011

  • Publicado: Segunda, 28 de Mai de 2012, 00h00
  • Última atualização em Segunda, 28 de Mai de 2012, 00h00

O Projeto Ações Integradas em Saúde Bucal do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) leva assistência odontológica para comunidades ribeirinhas.  O Projeto é uma das frentes de ação do Programa Luz na Amazônia, uma parceria técnica entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que teve cooperação renovada, em janeiro de 2012, por mais cinco anos.

Depois de oito anos de convênio com a UFPA, o Programa já atendeu a 662 famílias em situação de risco em comunidades ribeirinhas do Estado do Pará. Entre elas, estão Ilha Grande, Murutucu, Cacau, Genipaúba, Santa Maria e Itaperaçu. Em 2012, o navio-hospital Luz na Amazônia III, onde são realizados os atendimentos médicos, odontológicos e de farmácia, viaja para a comunidade São Pedro para novas ações de prevenção e assistência à saúde dos moradores.

Segundo a coordenadora do Programa Luz na Amazônia, Marly Melo, “este projeto já é realizado pela SBB, com voluntários, há 50 anos. A parceria com a UFPA lhe trouxe um caráter acadêmico-científico”.

Pesquisa e Extensão - As Ações Integradas em Saúde Bucal é um projeto de pesquisa e extensão, que visa à reabilitação e à prevenção, com atividades educativas para conscientização das famílias. A professora Liliane Nascimento, da Faculdade de Odontologia, é uma das coordenadoras da equipe de pesquisa que desenvolve estudos em torno dos indicadores epidemiológicos e de necessidades, em saúde bucal materno-infantil.

A outra equipe, coordenada pelo professor Carlos Alberto Zacca, também professor da Faculdade de Odontologia, realiza atendimento nos consultórios, dentro do barco, com trabalhos de restauração e outras cirurgias bucais, com a população idosa e masculina.

Além do atendimento em consultórios, a equipe desenvolve trabalhos de educação fora do barco, com palestras, escovódromo (escovação em pequenos grupos) e aplicação de flúor.  A visita domiciliar, realizada pelos profissionais e estudantes, é uma forma de conhecer as necessidades de saúde e higiene dessas famílias. A equipe também desenvolve trabalhos de conscientização ambiental e saneamento, como uso da água e coleta de lixo.

A cada ano, é escolhida uma comunidade, segundo os critérios de maior necessidade em saúde e carência de atendimento médico. Para que os trabalhos de pesquisa e de atendimento sejam realizados, “uma equipe vai antes ao local e faz o cadastramento das famílias. Quando nós chegamos às comunidades, já sabemos quantas são”, explica a Liliane, ressaltando que cada pessoa é orientada e avaliada quanto à saúde bucal dela, das necessidades de uma profilaxia a uma complexidade de cirurgia.

Segundo a professora Liliane, “quando não há possibilidade de efetuar o tratamento no navio, tentamos encaminhar o paciente para a Universidade, dentro das possibilidades.” As ações são feitas de forma integral, com o suprimento de materiais, como próteses, escovas de dente e creme dental.  A pesquisa, por sua vez, possibilita um vasto banco de dados, com informações coletadas sobre indicativos de necessidades em saúde, tornando-se um sistema de referências, o que proporciona uma maior integralidade de serviço e de atendimento.

Integração –“A saúde começa pela boca. A polução ribeirinha tem grandes necessidades em saúde e não conta com a ajuda governamental. O convênio foi feito justamente para isso”, ressalta Alexandre Correa, cirurgião dentista da Faculdade de Odontologia. Por isso, o trabalho no Programa Luz na Amazônia tem uma proposta de integração entre as áreas de saúde, contando com participação coletiva de professores e alunos das faculdades do ICS.

“Não trabalhamos apenas com higiene bucal, mas também com doenças que acometem a cavidade oral. Temos percebido grandes indicadores de Doença Sexualmente Transmissível (DST) e outros problemas nessa população. Muitos indicadores de necessidade de saúde que vemos dentro da boca para serem prevenidos, encaminhamos para as outras equipes. Daí a interdisciplinaridade do Programa, pois há uma integração com as equipes de Medicina e de Enfermagem”, complementa Liliane Nascimento.

Continuidade – A equipe de pesquisa da professora Liliane fez os primeiros atendimentos na comunidade São Pedro, que já foi atendida pelo Programa, em 2009. Este ano, o Luz na Amazônia volta à comunidade para dar continuidade ao trabalho. De acordo com Alexandre Correa, “há pacientes que fazem procedimentos complexos, portanto é necessário um trabalho de continuidade. Alguns procedimentos são feito por série, em cada ocasião de atendimento”.

Outra necessidade é não perpetuar o trabalho nas comunidades, trazendo soluções alternativas para a higiene bucal dos moradores das ilhas. “Além da orientação e do suporte, é preciso saber se aquelas família têm condições materiais de fazer higiene bucal, regularmente. Com a renda delas, não dá para comprar material necessário, que precisa ser trocado a cada três meses”, lamenta a professora Liliane, lembrando que “os produtos supridos pela SBB e distribuídos às famílias não duram muito tempo”.

O meio de sanar esses problemas, proposto pelos pesquisadores e pelos alunos,  é encontrar soluções nas particularidades das regiões, utilizando o senso comum e biomateriais encontrados nesses lugares. Em substituição ao fio dental convencional, pode ser usada a fibra de uma planta local, além de abrasivos naturais, que substituem o creme dental, e escovas alternativas.

“Ao longo do ano, vamos continuar, de acordo com a nossa ficha de dados epidemiológicos, os levantamentos de indicadores de necessidade em saúde bucal e atendimentos em São Pedro”, diz a professora Liliane. Nessa comunidade, já foram atendidas 15 famílias em um total de 50, mais aquelas que ainda não foram cadastradas, com cirurgias, restauração e escovódromo.

Texto: Vitor Luiz Silva Barros- Colaborador da Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Diulgação/Projeto

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